Não há sentido em termos vergonha de sermos professores. As coisas das quais não nos orgulhamos em nossa profissão podem ser mudadas e, de uma forma ou de outra, estão sendo. Os problemas que enfrentamos não são questões desconhecidas pela sociedade. Dentre os mais citados destacam-se: desvalorização profissional, depreciação salarial, precárias condições de trabalho, desmobilização e apatia política, desvio de função, espaço físico inadequado, gestões autocráticas, jornada excessiva, insuficiência de tempo e de espaços de diálogo (o que acarreta numa prática individualista e imediatista). São transtornos inerentes a uma profissão que perdeu sua identidade social, visto as mudanças que ocorreram nos últimos anos.
Trata-se de problemas sociais e culturais, fruto de nossa história recente e do contexto que estamos inseridos, e por isso mesmo podem ser modificados, não da noite para o dia, como gostaríamos, mas por meio de um árduo trabalho de transformação e da ação coletiva. Afinal de contas, qual é a relação que temos com as características da sociedade em que vivemos? E qual é a nossa parcela de responsabilidade perante ela? Nós, professores, precisamos assumir nossos papéis enquanto indivíduos formadores de opinião e de efetiva ação política.
Uma vez que tenhamos percebido o nosso papel e assumirmos nossa postura política teremos crédito para defendermos melhores condições de trabalho. Falta credibilidade aos professores e à própria escola quando não acreditamos em nossa prática política e não defendemos nossos ideais, pois muitas vezes, nem sabemos qual é o nosso papel na comunidade em que estamos inseridos. O mais importante nesse momento é entender que temos algo para fazer, pois problemas não nos faltam e ações para corrigi-los são necessárias.
Temos que ocupar os espaços de reflexão coletiva, ajudar a qualificá-los e lutar por sua ampliação. Sem a participação efetiva dos professores na construção das políticas públicas não haverá valorização profissional. A ação coletiva é o caminho obrigatório para resgatarmos a qualidade de nosso trabalho. Cabe a cada um de nós decidir de fato “ser professor”, de assumir um posicionamento político-profissional diante na nossa sociedade, pois “ser professor” não é uma vergonha, mas, ao contrário, é uma possibilidade de promover mudanças, transformar realidades, “andar na contramão da mediocridade”.
Professor Rafael Damata
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